
Roger Garaudy, no seu famoso livro "Dançar a Vida" dá-nos um panorama histórico da dança relacionando suas transformações em um contexto cultural, político, religioso e artístico.
A dança, como qualquer outra criação do homem teve no seu trajecto e em seu significado a marca do desenvolvimento e da relação do homem com o seu mundo.Quando o autor nos situa nesse desenvolvimento apontando os grandes acontecimentos da área, apresenta todo o surgimento e o desenvolvimento do ballet clássico até sua decadência e crítica com o surgimento de novas maneiras de pensar e manifestar a dança.
Os pioneiros desta “ebulição” e os mais relevantes dentro do pensamento que desjo pontuar, são: Isadora Duncan que não só trouxe uma técnica nova, mas uma nova concepção da dança e da vida., tendo realizado uma unidade profunda entre sua dança e sua vida e que, para realizar esta unidade, rompeu com as convenções e códigos que há séculos sufocavam este tipo de arte; Ruth Saint Dennis que dizia que a maior função da dança é a de ajudar o homem a formar um conceito mais nobre de si próprio. Tinham em comum primeiramente a mesma vontade de dar à dança uma significação humana e espiritual profunda e, depois, a de alcançar isto pela liberação do corpo e de seus movimentos.
Podemos perceber assim que não só o caminho terapêutico tem se transformado, mas também o da arte; uma mudança e evolução que acompanha o desenvolvimento do homem no mundo. E agora estamos em um momento de questionamento não só dos modos terapêuticos como também da função da arte nesses tempos. Mérito das pessoas que estão buscando desenvolver seus trabalhos com esse tipo de integração, o que nos tiraria do papel de alternativos para o de pioneiros nessa construção.
A história da dançaterapia ilustra bem este caminho: instaurou-se como profissão em 1966, com a criação da Associação Americana de Dançaterapia. As pioneiras foram todas mulheres; bailarinas, coreógrafas e professoras de dança que, compartilhavam uma paixão comum e um respeito profundo pelo valor terapêutico de sua arte. No começo não possuíam nenhum tipo de formação clínica e careciam de um marco e referencia teórica. Mas cada uma sabia do poder transformador da dança a partir de sua experiência pessoal. Entre 1940 e 1950, ainda isoladas uma das outras, ensinavam em estúdios privados e foram gradualmente abrindo caminhos em hospitais psiquiátricos e outros estabelecimentos clínicos. Bailarinas e psicoterapêutas e outros foram se acercando para aprender e estudar com estas primeiras praticantes, que começaram a elaborar uma teoria que pudesse sustentar suas observações.
Mary Starks Whitehouse foi uma das primeiras pioneiras em dança-movimento-terapia.Graduou-se na escola Wigman na Alemanha e também estudou com Marta Graham. Sua análise pessoal e seus estudos no Instituto Junguiano, em Zurich deram como resultado uma aproximação a qual denominou como “Movimento Autentico”. Em um escrito intitulado “ Reflexões sobre uma Metamorfose”(1968), conta a historia de sua transição :“Foi importante o dia que me dei conta que não ensinava dança, ensinava a pessoas...Indicava a possibilidade de que meu interesse principal podia ter haver com o processo e não com os resultados, que não era somente pela arte que eu estava buscando e sim por um desenvolvimento humano.”(Whitehouse aput Chodorow pp3).
Há, no entanto considerações importantes para que essa prática se torne terapêutica e não um momento apenas de expressão corpora,l sem uma atenção a percepção e elaboração do que esta se passando. Três aspectos de observação da “dança-moviento-terapia” são importantes nesse sentido:
1. O que esta fazendo o corpo
2. Qual a imagem associada a esta experiência
3. Qual o efeito associado ou tono emocional
Existem momentos nos quais os três aspectos são claramente reconhecidos e recordados por quem se move e por quem observa.Quando somos conscientes da ação física e da imagem associada a esta, usualmente somos também conscientes da emoção. Mas, algumas vezes, pode ocorrer, como nos sonhos, recordarmos muito pouco.Quando quem se move esta consciente de sua experiência pode contá-la. Embora haja diferença entre sonho e imaginação ativa, esta última esta mais perto da consciência. Além do mais, na “dança-movimento-terapia” como forma de imaginação ativa, o analista esta literalmente presente e é testemunha da experiência à medida que esta acontece. O observador pode não ser consciente das imagens motivadoras até depois da experiência quando ambos podem-se juntar para conversar.
Trabalhar terapeuticamente nesse nível, incluem afetos muito profundos e ligados a um estado pré-verbal.O terapeuta deve estar disposto a a participar quando necessário, trabalhando em um nível corpo e mente, quando não há imagens acessíveis a consciência do outro e quando o instinto, afeto e percepção sensorial começam conjugando-se inicialmente na sensação corporal, na qual pode intensificar-se até trazer a luz a memória ou imagem.
REFERENCIA
Silvana Pedrazzi.O nascimento da Dançaterapia.DISPONIVEL EM:http://dancamovimentoterapiapt.blogspot.com/2009/05/o-nascimento-da-dancaterapia.html. ACESSO EM:20/05/2010,AS 15H